A batida das passarelas: como a música eletrônica se tornou o ritmo número um da moda
- Janis Freire
- 2 de out.
- 3 min de leitura

Nas últimas décadas, a música eletrônica deixou de ser apenas um som de clubes underground para se consolidar como a trilha sonora oficial das passarelas de moda. De Paris a Milão, de Nova York a São Paulo, o compasso das batidas eletrônicas dita o ritmo em que modelos cruzam a catwalk, transformando desfiles em verdadeiros espetáculos multimídia.

Do underground à alta moda
O namoro entre moda e música eletrônica começou ainda nos anos 1980 e 1990, quando designers visionários como Thierry Mugler e Jean Paul Gaultier começaram a usar techno, house e synthpop para acompanhar coleções futuristas. O som sintético, repetitivo e hipnótico se encaixava perfeitamente no imaginário da época, em que a moda buscava provocar e romper padrões.
A partir dos anos 2000, o casamento se intensificou: marcas como Alexander McQueen usaram eletrônica experimental para criar atmosferas sombrias, enquanto Versace e Balmain abraçaram o house e o EDM para desfiles vibrantes e energéticos. A música já não era pano de fundo — ela se tornava parte da narrativa estética.

Ritmo que traduz a estética da moda contemporânea
Hoje, a música eletrônica é onipresente nas fashion weeks. O motivo é simples: ela traduz a velocidade, a intensidade e a globalização da moda atual. Gêneros como techno, deep house, electroclash e até o hyperpop oferecem uma sonoridade versátil que vai do minimalismo ao excesso, do dark ao futurista, sempre alinhada ao espírito inovador das coleções.
Segundo a Vogue Runway, estilistas preferem a música eletrônica porque ela cria imersão e transmite a ideia de modernidade. “É uma trilha que não compete com a roupa, mas a potencializa”, afirmou em entrevista recente um dos diretores musicais da Paris Fashion Week.

DJs e produtores assumem papel central
Se antes eram trilhas gravadas, hoje são DJs e produtores de renome que assinam a direção musical dos desfiles. Honey Dijon, por exemplo, já comandou som para Louis Vuitton e Dior. Arca, conhecida pela sua estética experimental e identidade transgressora, foi responsável por criar atmosferas únicas em apresentações de alta moda. Até mesmo nomes mainstream como Diplo e Peggy Gou já levaram suas batidas para a passarela.
O resultado é uma fusão de espetáculo ao vivo, performance sonora e desfile, reforçando a ideia de que a moda contemporânea é uma experiência total.

Mais que trilha: parte da identidade das marcas
A música eletrônica também se tornou parte da identidade das maisons. Marcas como Balenciaga e Rick Owens abraçaram o techno como DNA estético, enquanto Jacquemus mistura house e nu-disco para reforçar um espírito jovem e solar. Não se trata apenas de acompanhar a moda — mas de contar uma história completa onde roupas, luz, som e atitude se complementam.

O futuro das passarelas: imersão total
Com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial, a tendência é que a música eletrônica nas passarelas vá além do simples background. Espera-se que desfiles incorporem som imersivo em 360º, experiências sonoras interativas e performances híbridas entre DJs, artistas e modelos, transformando a passarela em um palco multidimensional.
Seja no techno industrial que ecoa em armazéns de Paris, no house ensolarado das praias da Riviera ou no hyperpop digitalizado que dialoga com a Geração Z, a música eletrônica é hoje a verdadeira banda sonora da moda. Uma parceria que parece ter vindo para ficar.













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